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terça-feira, 12 de abril de 2016

O QUE VAI ALÉM DA ESTÉTICA DA MULHER NEGRA

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Por: Gabriella Brito


Nos últimos anos cada vez mais mulheres negras estão assumindo canais do youtube para dar dicas e truques de como cuidar dos cachos, crespos e afros. Em consequência disso as empresas de cosméticos capilares também vem aderindo pesquisas para o desenvolvimento de produtos destinados para esse público, até as propagandas de beleza, ainda de maneira discreta e pouco notória, vem assumindo a identidade dos cabelos cacheados e afins. Mas longe do que muitos pensam isso não é uma moda. Criou-se durante muitos anos uma ideia que associava esse tipo de cabelo ao descuido e falta de beleza, o cabelo liso e sem volume era a verdadeira representação do belo. As capas de revistas e nas passarelas sempre o cabelo impecável, aclamado, aplaudido e desejado.

O problema é que quem não desejasse aderir o cabelo liso, não encontrava produtos pros seus cabelos, não encontrava profissionais que soubessem cuidar dos seus cabelos e por fim não encontravam “beleza” ao se olhar no espelho.Muitas mulheres se sentiam presas mesmo sem estarem trancadas atrás de grades. Seus aprisionamentos eram ainda piores, viviam presas dentro de suas cabeças, sem aceitação e na busca incansável de ser outra pessoa.

A identidade das mulheres negras foi se perdendo, e o relacionamento dela com ela mesmo era abusivo e discriminatório, não se aceitar porque todo mundo fala que seu cabelo não é bonito era mais fácil do que ser o que você realmente é e se amar.

Quando algumas mulheres começaram a falar sobre o assunto na internet e mostraram a beleza dos cabelos cacheados e/ou crespos, trouxeram junto uma legião de mulheres aprisionadas dentro de si, que novamente enxergaram seus rostos na frente do espelho. Os padrões estão sendo quebrados e a identidade voltando a ser resgatada. O cuidado com os cabelos é algo que vai além da vaidade… é trazer para debate o encontro de amor entre você e você mesma.

Fortalecer é propiciar meios para que a mulher negra se reencontre e conheça a liberdade de ser e estar ela. Quando a mulher negra assume seu cabelo como uma coroa da vitória das lutas que enfrentou, ela se torna poderosa e livre para ser aquilo que ela sempre quis ser: FELIZ!

TEM DEDO MEU!


Olá! Confiram alguns links de matérias e recortes de minhas colaborações com o Desabafo Social e outros canais de inclusão social. É só dá um clik! ;) 


Colaborações fanpages

Colaborações Desabafo Social

NÃO SOMOS A COR DO PECADO

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Por: Gabriella Brito


Começo esse texto muito emocionada. O dia mundial da luta contra o racismo nunca pesou tanto em mim como esse momento. Quem sabe isso seja porque eu esteja cada vez mais engajada no movimento ou talvez porque cada dia mais eu veja o ódio pela minha cor ser distribuído gratuitamente, agredindo ainda mais a história dos que lutaram antes de mim pela igualdade racial. Apesar de todas as leis existentes, o racismo ainda é a realidade do nosso cotidiano e fechar os olhos para ele é ajuda-lo a reproduzir. O dia 21 de março precisa ser vivenciado e resgatado todos os dias para o fortalecimento das nossas conquistas e assim podemos comemorar verdadeiramente essa data. As mulheres negras devem ser enxergadas pelo seu talento, e ocupar cada vez mais espaços, protagonizando a luta contra o racismo, nas mais diversas áreas.

Um dos momentos mais delicados da luta pela igualdade racial, social e de gênero é o empoderamento das mulheres negras e o reconhecimento da indústria da beleza. Não somos a beleza exótica que as propagandas tentam vender, nem somos a pele cor do pecado e o nosso cabelo não está na moda. Nossa cor carrega a história e nossos cabelos foram condenados ao cárcere da química das chapinhas para serem aceitos pela sociedade. Assumir o cabelo e a cor é se libertar de uma opressão que não foi libertada junto com a LEI ÁUREA.

A verdade é que se faz necessário propagar nossos discursos para que nos vejam como mulheres, negras, empoderadas, que não querem clarear sua cor com uma base alguns tons mais claros que sua pele, que não aceitam mais a ditadura da chapinha, que se apropriam dos turbantes como símbolo de história e não de moda, que se espelham em Dandara dos Palmares como símbolo de beleza e luta, que se alegram quando Beyoncé canta Formation na cara da sociedade americana, que toma como exemplo Rosa Parks e Carolina de Jesus e que lutam todos os dias para sobreviverem ao racismo.